O caso Isadora Faber: sim, nós podemos!


Por Leonardo Valles Bento

Acompanhei com muito interesse, ao longo da última semana o caso da adolescente Isadora Faber, de treze anos, estudante da Escola Básica Maria Tomázia Coelho, da rede pública de Florianópolis, que criou uma página no facebook ("Diário de Classe") para denunciar com fotos as precárias condições da escola. Interessei-me pelo assunto não só pelo mérito da questão, mas por se tratar da cidade em que nasci e vivi uma parte significativa da minha vida.

O episódio que transformou a garota em celebridade e num fenômeno das redes sociais é inspirador e carregado de simbologia, deixando lições valiosas, as quais pretendo deixar aqui registradas. Nele se encontram todos os capítulos característicos de um caso verdadeiramente emblemático:

Capítulo 1 - uma estudante decide tomar uma inciativa: começa a divulgar informações sobre o seu cotidiano escolar como forma de protestar e, quem sabe, contribuir para melhorar a sua realidade. Fez isso por meios simples, ao alcance de qualquer um, sem bazófia, nem espalhafato.

Capítulo 2 - a retaliação das autoridades: a estudante é ameaçada por professores e direção, que não desejam que verdades sejam expostas, e instada a tirar a página do ar.

Capítulo 3 - a repercussão na imprensa: o caso chama a atenção de sites de notícias (UOL e Estadão) e ganha repercussão nacional.

Capítulo 4 - a indignação da opinião pública: a opinião pública brasileira, ao contrário do que muita gente imagina, reage à imoralidade do fato e vem em apoio à causa da estudante.

Capítulo 5 - o recuo das autoridades: constrangidas, as autoridades públicas agora declaram seu apoio tardio e forçado à iniciativa, anunciando inclusive reformas na escola.

Trata-se, como se pode perceber, de um ciclo, que chama atenção pelo caráter típico. Trata-se de um case de cidadania e controle social. O que esse ciclo (Iniciativa - Retaliação - Mobilização da opinião pública - Recuo das autoridades) nos ensina é que:

1. Faça você mesmo: apesar da expressão controle social, a verdade é que ele se baseia em iniciativas advindas de atitudes individuais. Se nós não reivindicamos os nossos direitos no cotidiano, individualmente, mas suportamos calados a violação, não há controle social, e a corrupção continuará nadando de braçada por aí. Há muita coisa que nós podemos fazer para melhorar o cotidiano da nossa comunidade, sem esperar pelos outros. As redes sociais são uma ferramenta importante.

2. Informação é poder: nada intimida mais gestores e demais autoridades públicas do que cidadãos dispostos a por a boca no trombone, principalmente se o fato denunciado tiver a possibilidade de chamar a atenção da imprensa.

3. A repercussão faz a diferença: a possibilidade de uma denúncia ou reivindicação dar resultado é diretamente proporcional à capacidade do fato mobilizar a atenção da opinião pública e da mídia, aqui incluídas as redes sociais.

Sim, nós podemos!


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